O hipertireoidismo é menos frequente do que o hipotireoidismo entre as gestantes. Embora qualquer uma das causas de hipertireoidismo possa ocorrer durante a gestação, existem algumas que são específicas, como é o caso do hipertireoidismo transitório da hiperêmese gravídica – também denominado hipertireoidismo gestacional transitório (pode ocorrer em pacientes que sofrem com vômitos durante a gestação).

Excluindo essa condição, a principal causa de hipertireoidismo na gestação é a Doença de Graves, doença auto-imune na qual anticorpos produzido pelo nosso sistema imune ligam-se a receptores da nossa tireoide, tornando-a hiperfuncionante.

Quadro clínico e diagnóstico de hipertireoidismo na gestação

O diagnóstico clínico do hipertireoidismo leve a moderado pode ser difícil porque vários de seus sinais e sintomas são confundidos com os de uma grávida sem a doença, como bócio, intolerância ao calor, labilidade emocional, taquicardia leve, etc.

No entanto, a presença de perda de peso, insônia, diarreia e taquicardia mais evidente pode ser uma orientação para o diagnóstico. O diagnóstico laboratorial deve ser feito através das dosagens dos hormônios tireoidianos e do TSH, bem como dos anticorpos Anti-TPO e TRAb.

Hipertireoidismo fetal

Os anticorpos maternos (especificamente o TRAb) podem passar através da placenta para a corrente sanguínea do bebê quando em níveis muito elevados. Por isso, tais anticorpos devem ser dosados também a partir da 20ª semana de gestação. Além disso, o hipertireoidismo fetal também pode ser suspeitado se houver taquicardia fetal sustentada e dados de ultrassonografia (US), como bócio, retardo do crescimento intrauterino (RCIU), maturação óssea acelerada e polidrâmnio (aumento do líquido amniótico).

Tratamento

A opção de escolha para o tratamento da Doença de Graves na gestação são as drogas antitireoidianas. O objetivo do tratamento é manter os níveis de T4 livre no limite superior do intervalo de referência.

Deve-se utilizar a menor dose possível, uma vez que a passagem transplacentária desses fármacos pode induzir hipotireoidismo fetal. Medicações para controlar a taquicardia podem ser utilizados.

A cirurgia está principalmente indicada em casos de graves efeitos secundários das medicações, que impeçam sua continuidade ou diante da falta de resposta a altas doses ou baixa adesão ao tratamento.

O iodo é, geralmente, contra-indicado durante a gestação, devido ao risco elevado de hipotireoidismo e bócio que comprometa a função respiratória e aumente a ocorrência de partos difíceis. Em casos isolados e graves de crise tireotóxica, o iodo pode ser utilizado por curto período.