Baixa produção de testosterona ou de espermatozoides – Entenda o hipogonadismo masculino, suas causas, sintomas e tratamentos!

O hipogonadismo masculino é definido como a incapacidade de produzir adequadamente a testosterona ou ainda a incapacidade de produzir quantidades normais de espermatozoides.

Quando isso ocorre, o médico endocrinologista irá investigar se o problema encontra-se nos testículos (glândulas produtoras de testosterona e espermatozoides) – chamado hipogonadismo primário, ou no sistema nervoso central (hipotálamo ou hipófise), que são glândulas responsáveis por estimular os testículos a cumprirem o seu papel – chamado hipogonadismo secundário.

Em algumas situações, pode haver uma associação entre o hipogonadismo primário e o secundário, como no envelhecimento e em várias doenças sistêmicas (alcoolismo, hepatopatias, anemia falciforme, etc.)

Causas de hipogonadismo masculino

No caso do hipogonadismo primário (no qual o defeito está nos testículos), destacam-se os distúrbios cromossômicos (dos quais o mais comum é a síndrome de Klinefelter) e o criptorquidismo (testículos fora da bolsa escrotal). Entre os defeitos adquiridos, os mais importantes são as doenças infecciosas (caxumba, AIDS, etc.), doenças granulomatosas (tuberculose, hanseníase), medicamentos, lesões cirúrgicas ou traumáticas.

Já o hipogonadismo secundário (no qual o defeito está no hipotálamo ou hipófise), podemos destacar os tumores localizados nestes sítios, as doenças infiltrativas do hipotálamo ou hipófise (como sarcoidose, tuberculose, etc), inflamações na hipófise, medicamentos, traumas, e ainda causas funcionais (disfunções hipotalâmicas relacionadas a estresse ou doenças sistêmicas, como insuficiência renal, cirrose, hiperprolactinemia dentre outras).

Hipogonadismo masculino tardio relacionado ao envelhecimento

O envelhecimento é parte natural da vida e precisa ser acompanhado por uma equipe médica com o objetivo de tratar e prevenir doenças e alterações que trarão impactos negativos para a saúde e qualidade de vida caso sejam negligenciadas.

A partir dos 45 anos de idade os homens tendem a ter uma baixa natural na produção de testosterona, o que poderá acarretar em sintomas de andropausa. Neste momento, a avaliação com o Endocrinologista será fundamental para verificar se existe a necessidade de reposição hormonal, seus riscos e benefícios.

O diagnóstico do hipogonadismo tardio (andropausa) compreende:

  • Sinais e sintomas “característicos”;
  • Redução de testosterona total e/ou da testosterona livre em mais de uma ocasião, na ausência de doenças graves;
  • Exclusão de outras causas de hipogonadismo.

Principais sintomas associados ao hipogonadismo masculino tardio
Sexuais
  • Diminuição do desejo sexual
  • Disfunção erétil, menor frequência de ereções matinais
Psíquicos
  • Alterações cognitivas
  • Depressão
Somáticos
  • Fadiga, menores massa e forças musculares
  • Menor massa óssea
  • Aumento da gordura abdominal
  • Redução das células sanguíneas vermelhas

Diferenciar a andropausa, relacionada ao envelhecimento, de outras causas potencialmente reversíveis é fundamental.

É importante lembrar que hipotireoidismo, hiperprolactinemia, diabetes tipo 2, obesidade e hemocromatose (depósito de ferro em órgãos) podem ocasionar hipogonadismo ou simular seus sintomas. Além disso, diversas doenças sistêmicas, o uso de anabolizantes e uso de alguns medicamentos também podem causar hipogonadismo, sendo imprescindível uma avaliação clínico-laboratorial detalhada.

Tratamento do hipogonadismo masculino

Em pacientes sintomáticos com níveis de testosterona baixos (em pelo menos 2 dosagens) e na ausência de causa básica que possa ser corrigida, a terapia de reposição de testosterona (TRT) é o tratamento padrão e deve ser considerada. Deve-se antes, contudo, discutir com os pacientes os potenciais riscos e benefícios do tratamento com testosterona.

Tipos de terapia de reposição de testosterona

A terapia de reposição de testosterona pode ser feita por via intramuscular, axilar ou transdérmica, havendo vantagens e desvantagens de cada via.

Todos têm eficácia e segurança comparáveis. As preparações transdérmicas (gel) e os injetáveis de longa duração, como o undecilato de testosterona (Nebido® e Hormus®), quando comparado com o tratamento injetável de curta duração (Durateston® e Deposteron®) têm a vantagem de propiciar níveis mais estáveis de testosterona, mas são mais caros.

Riscos e benefícios da terapia de reposição de testosterona

Os benefícios da TRT incluem:

  • Aumento do desejo sexual;
  • Melhora da qualidade de vida;
  • Melhora de sintomas depressivos;
  • Melhora da composição corporal (aumento da massa magra e redução de massa gorda);
  • Redução dos triglicerídeos, da glicemia e do colesterol ruim (LDL);
  • Melhora da função erétil;
  • Aumento da densidade mineral óssea.

Já dentro dos riscos da TRT podemos citar:

  • Eritrocitose acentuada (aumento das células vermelhas do sangue, o que pode aumentar o risco de trombose e AVC);
  • Aumento do PSA (antígeno prostático específico);
  • Aumento do volume da próstata;
  • Redução do colesterol bom (HDL).

Não há evidência conclusiva de que a TRT aumente o risco de surgimento/crescimento de câncer de próstata de baixo grau, mas sabe-se que há piora em casos avançados ou metastáticos.

Desse modo, é fundamental uma avaliação inicial detalhada antes de iniciar a terapia de reposição de testosterona, com o objetivo de identificar possíveis contra-indicações e tornar o tratamento o mais seguro possível. Exames pré-tratamento englobam testes de função hepática, hematócrito, PSA e avaliação da próstata (toque retal ou ultrassonografia da próstata).

Contraindicações para a TRT
  • Câncer de próstata
  • Câncer de mama
  • Pacientes sem avaliação urológica adicional com nódulo ou endurecimento da próstata
  • PSA > 4ng/ml
  • Hematrócrito > 50%
  • Hiperplasia prostática benigna com sinais obstrutivos
  • Insuficiência cardíaca congestiva não controlada
  • Apneia do sono obstrutiva grave não tratada
Adaptado de Bhasin et al., 2010; Rosner et al., 2007.

Homens em Terapia de Reposição de Testosterona devem ser avaliados em 3, 6 e 12 meses após seu início e, a partir daí, anualmente. Os parâmetros avaliados incluem bem estar, libido (desejo sexual), atividade sexual, avaliação dos níveis séricos de testosterona, hematócrito, lipídios, PSA, avaliação da próstata com ultrassonografia ou toque retal e, a cada 2 anos, densidade mineral óssea.