Durante a gestação, a tireoide materna precisa aumentar sua produção de hormônio tireoidiano (T4), essencial para o desenvolvimento psiconeurológico do feto, que é incapaz de produzi-lo durante o 1º trimestre e o faz em pequena quantidade até a 20ª semana. Portanto, quando a produção materna é insuficiente, como no caso do hipotireoidismo, o bebê pode ser prejudicado.

A principal causa de hipotireoidismo na gestação, no Brasil, é a tireoidite crônica autoimune (tireoidite de Hashimoto). Neste caso, anticorpos produzidos pelo nosso sistema imune “atacam” a tireoide, ocasionando inflamação e destruição da glândula.

Quadro clínico e diagnóstico do hipotireoidismo na gestação

Embora alguns sinais e sintomas de hipotireoidismo possam ser confundidos com aqueles apresentados por mulheres grávidas saudáveis (fadiga, ganho de peso, sonolência e constipação intestinal), outros, como intolerância ao frio, bradicardia (batimentos cardíacos lentos) e pele seca, são mais específicos e, quando presentes, aumentam a suspeita diagnóstica.

No entanto, a maioria das mulheres com hipotireoidismo clínico e quase todas as portadoras de hipotireoidismo subclínico podem não apresentar qualquer sintoma. Por essa razão, os testes de função tireoidiana são essenciais para o diagnóstico.

Tratamento

O tratamento do hipotireoidismo é a reposição com Levotiroxina. A dose é calculada pelo peso e, no caso de gestantes, deve ser maior do que em não gestantes.

Caso a paciente já tenha diagnóstico prévio de hipotireoidismo e deseje engravidar, o ideal é conversar com o Endocrinologista que a acompanha para que seja feito ajuste da dose da medicação antes da concepção do bebê.

Jamais suspenda a medicação da tireóide sem orientação do seu Endocrinologista, inclusive se descobrir que está grávida. Lembre-se que durante a gestação a necessidade do hormônio tireoidiano aumenta e sua deficiência pode trazer prejuízos irreversíveis para o bebê.

Complicações

As complicações maternas incluem maior incidência de anemia, hemorragia pós-parto, descolamento prematuro de placenta, pré-eclâmpsia e hipertensão e aborto.

Entre os fetos de mães com hipotireoidismo não tratado, temos maior incidência de desconforto fetal no parto, prematuridade e baixo peso, malformações congênitas e morte, e ainda redução do QI (quociente de inteligência) ao longo da vida.