Olá pessoal, tudo bem?

Venho aqui hoje falar de um assunto que foi “top trends” entre os endocrinologistas e até mesmo pacientes em tratamento para Obesidade na última semana.

O motivo do movimento foi o anúncio da FDA (Food and Drugs Administration), órgão que controla as medicações que entram e saem do mercado americano, sobre a retirada de circulação da Lorcaserina, medicamento para tratamento da Obesidade, o que acarretou na posterior retirada de circulação também no Brasil (onde havia sido liberada e tido sua comercialização iniciada em 2019).

Qual a preocupação/argumento da FDA?

Um estudo (ensaio clínico) feito após a comercialização, mostrou uma discreta elevação (0,6%) na taxa absoluta de câncer quando comparado ao placebo (pacientes que receberam pílula de “talco” sem o princípio ativo).

A FDA considerou que, diante dos benefícios modestos da Lorcaserina na perda de peso, o risco não compensaria o benefício.

Quais os contrapontos?

Além da diferença entre os grupos ter sido relativamente pequena e talvez justificada por aleatoriedade, não há uma plausibilidade biológica, isto é, não há um mecanismo aparente, pelo qual a Lorcaserina, supostamente, tenha aumentado a taxa de câncer (foram diversos tipos de câncer de etiologias distintas, nos dois grupos).

Outro ponto importante a ser levantado é o quanto a sociedade perde nesse “vai e vem” das medicações para obesidade. Não é a primeira vez que um medicamento para obesidade sai de circulação.

Isso gera uma desconfiança por parte dos pacientes, e torna-se a justificativa de muitas pessoas, inclusive profissionais de saúde, para julgar negativamente o tratamento da obesidade e propagar a ideia de que os medicamentos contra a obesidade são maléficos e que a força de vontade será suficiente para resultados satisfatórios.

Enquanto isso, a obesidade continua crescendo no mundo inteiro e contribuindo de forma significativa para doenças como Diabetes, Hipertensão e Câncer.

Qual a mensagem e o que devemos fazer?

  • As medicações devem, sim, ser fiscalizadas sobre a sua segurança e eficácia;
  • As informações sobre a Lorcaserina são preliminares e mais estudos seriam necessários para entender o mecanismo envolvido no suposto aumento;
  • O mais importante é o paciente estar informado sobre o problema e sobretudo, sobre sua dimensão e significado clínico;
  • Os médicos que acompanham pacientes em uso da Lorcaserina devem orientar a suspensão da medicação e tranquiliza-los quanto aos fatos acima expostos.

Nunca saiam do consultório com dúvidas! Um grande abraço em todos e estou à disposição para dúvidas!